quinta-feira, dezembro 28, 2006

Ano Bom!


Mês de Janeiro em As Riquissimas Horas do Duque de Berry

Que o primeiro dia do mês retratado pelo Duque de Berry seja o início de mais um Ano Bom!

recordações

«Ela desatou o pacote de papéis, muito atado, metido numa pasta de cartão, e recomeçou a lê-lo. Já o conhecia. Tinha-o escrito e lido, mas deixara-o adormecer, esquecer quase. Não era uma escritora, não mirava à publicidade. Estava ali um pequeno coração morto, que já não era o seu. Para ela própria se acanhava de o ressuscitar. Tão inútil é viver, reviver um passado longínquo, de raízes secas... Mas por teima (...) pura teima, se pôs a relê-lo.»

quarta-feira, dezembro 27, 2006

falar de amor

Hoje apetece-me falar de amor, daquele que nos destrói a razão e nos faz fazer figuras ridículas. Mas só são ridículas aos olhos de quem as não compreende, daqueles que não sabem que o amor nos intervalos das fortes emoções nos deixa serenos e com a sensação de que tudo tem solução, daquele que nos dá força, que vai buscar energias que nos levam a ultrapassar montanhas. O amor é ridículo, mas só um coração que consegue ter dores é um coração jovem e forte. Quero ser ridícula, sou ridícula!

terça-feira, dezembro 19, 2006

ainda as energias renováveis...


O futuro ??
CO2 a grande preocupação...

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Quando a diferença de potencial se aproxima de zero...

Em passo de corrida e antes de me enfiar num Congresso da SPQ, venho aqui colocar este post. Muito simplesmente... comoveu-me!!
É tão triste vermos os que amamos perderem as suas capacidades físicas e intelectuais.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

vazio

Eu queria escrever... mas nem uma palavra me sai dos dedos nem uma ideia me surge no pensamento. O excesso de trabalho está a esgotar todos os meus parcos recursos.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

ser português

Saudade! Gosto amargo de infelizes,
Delicioso pungir de acerbo espinho,
Que me estás repassando o íntimo peito
Com dor que os seios d’alma dilacera,
- Mas dor que tem prazeres – Saudade!
Misterioso númen, que aviventas
Corações que estalaram, e gotejam
Não já soro de vida, mas delgado
Soro de estanques lágrimas – Saudade!
Mavioso nome que tão meigo soas
Nos lusitanos lábios, não sabido
Das orgulhosas bocas dos Sicambros
Destas alheias terras – Oh Saudade!
Mágico númen que transportas a alma
Do amigo ausente ao solitário amigo.
Do vago amante à amada inconsolável
(…)
Em Camões, Almeida Garrett

quarta-feira, dezembro 06, 2006

compilando tragédias

«A tragédia é assim hoje mais uma consciência do que uma expressão. É dentro de nós que ela se realiza, porque justamente - e isso é fundamental no modo de se ser hoje - o espírito é uma dominante no modo de se ser hoje humano.» Conta Corrente, Vergílio Ferreira
...
Será que as coisas se estão a inverter e Descartes tinha razão? Pensamos/Existimos ou Existimos/Pensamos?
...
O nosso espírito paira no ar sem que a nossa existência tenha visibilidade, apaixonamo-nos por ideias e vivemos agarrados à esperança de que aquela essência se encaixe numa determinada existência. Acontecerá um dia, estou certa, na crista de uma determinada onda electromagnética surgirão bolsas de ideias que a «engordarão» aumentando assim a sua amplitude até ao infinito.
...
Sem tempo para pensar já quase não existo!

domingo, novembro 26, 2006

amizades

Quando se gosta de verdade não há montes nem vales intransponíveis. Sexta -feira encontrei-me com uma amiga que já não via há três anos (a ideia era ir ao concerto). Por motivos profissionais ela foi viver durante um ano para EUA e também pela sua intensa actividade profissional, que por vezes se cruza com a minha, passou mais um ano e mais outro sem nos vermos ou termos qualquer contacto. Bastou um telefonema para iniciarmos a conversa exactamente no ponto onde a tinhamos deixado há três anos atrás. Fomos tomar uma água a um local cheio de gente, mas não vimos ninguém, a nossa conversa absorveu por completo aquele tempo roubado ao tempo.
Boa viagem minha amiga, B. e uma carrada de projectos para análise esperam-te!!

sábado, novembro 25, 2006

jacinta

Ontem, como todos os dias desde alguns meses para cá, afundada em processos para analisar, uma dead line para respeitar e umas avaliações para fazer lembrei-me que tinha bilhete para um concerto no CCB que se realizaria pelas 9 h. O grande problema foi chegar lá, entre chuvas fortes e acidentes ia-me movendo a passo de caracol, eram 10 h quando entrei no átrio do auditório. Levantei o bilhete que o porteiro tinha guardado e dispunha-me a ir para o café mais próximo esperar pela pessoa com quem fizera intenções de ir ouvir o concerto, pois faltavam apenas 30 m para terminar. Solícito o porteiro encaminhou-me então para o terceiro andar e, muito em silêncio e solitariamente, na lateral do último balcão ouvi a Jacinta, cantora de jazz .
Tem uma voz poderosa, conseguindo criar empatia com o público. Gostei!
Jacinta gravou com uma das mais conceituadas editoras de jazz do mundo - Blue Note Records.
Interpretou alguns dos grandes autores do jazz, terminou com uma canção que, para além de belíssima, me traz as mais bonitas recordações - Dorme meu menino a estrela d'alva, Zeca Afonso.

sexta-feira, novembro 24, 2006

o mundo à minha volta

Corro faço e desfaço amo desamo e volto a amar e o mundo invariavelmente continua grande e pesado sufocando-me como um polvo de ventosas grandes e poderosas que em segundos criam entre mim e elas o vácuo.
Corro páro e morro como um pássaro ferido durante o voo que ousou encetar.
Já não corro os olhos vazios fixam-se na linha que separa a realidade do infinitamente grande mundo do sonho.
E lá nessa linha imaterial encontro o que outrora perdi a capacidade de querer e ter de pensar e existir.
Entretanto chove...

segunda-feira, novembro 20, 2006

encontrei uma pedra

Encontrei uma pedra, olhei-a de frente, olhei-a de trás e de lado também, bafejada não cheirava a barro, a adição de ácido não provocou efervescência. O brilho era intenso, tratava-se de uma pedra polida, o grau de dureza era elevado, 10 na escala de Mohs, teria com toda a certeza átomos de carbono na sua constituição. Analisando mais em pormenor, verifiquei tratar-se de uma pedra constituída por um único cristal de forma octaédrica. Interroguei-me... estarei perante a nobre pedra cuja eternidade está escrita nos céus? Sim, era um adhamas! Olhei-o de frente, procurei os químicos, desencadeei reacções. Submetia-a a altas pressões, quebrou, era pouco tenaz.
Nada é eterno!

sábado, novembro 18, 2006

Cogitações

Coimbra tem mais encanto na hora da despedida...
Acho Coimbra uma cidade bonita, a ela me ligam recordações de um tempo em que os sonhos ainda eram realizáveis.

domingo, novembro 12, 2006

Cogito ergo sum

O ser humano tem atitudes e comportamentos deveras estranhos e contraditórios.
A ser verdade o que nos sugere Descartes, a nossa existência como seres estaria condenada à tomada de consciência do acto de pensar - não pensar, significaria não existir.
No entanto, sabemos que isso não é verdade, existimos muito antes de pensarmos. Aliás, ao ler determinadas coisas escritas de um modo tão primário atrever-me-ia a dizer que há determinados seres que, qual papagaio, não pensam no que escrevem, sai-lhes da boca para fora como um vómito involuntário e pernicioso conspurcando espaços circundantes e alvejando outros seres que, esses sim, pensam para além de existirem.
Esta separação abissal entre o corpo e a mente leva-me a concluir que há dois tipos de seres humanos, os que existindo pensam e os que, muito simplesmente, existem.

sábado, novembro 04, 2006

o concerto

Eu queria estar na festa pá....
...
Sei que há léguas a nos separar...
Tanto mar, tanto mar...

Dizer que gostei ficaria muito aquém do que realmente senti ao ver e ouvir Chico Buarque, apesar do mar imenso há pontos de contacto. Construiu-se a estrada, que venham os caminhantes!
A sua extrema magreza contrastava com a força da voz.

sexta-feira, novembro 03, 2006

as energias renováveis

Há uns meses atrás escrevi neste blog um post tendo como tema a energia nuclear.
Na altura era urgente e inadiável a construção de uma central nuclear, considerei que dada a natureza das reacções em causa (fissão /cisão nuclear) e o facto de termos um planeta deveras massacrado e com os recursos naturais já em avançado estado de esgotamento se deveria ponderar muito bem a construção de mais uma central nuclear.
A energia eólica é já um facto consumado e uma alternativa consistente, já os nossos antepassados próximos a usavam para fazer mover barcos e moinhos.
Numa das minhas viagens à Beira Interior foi-me dado a conhecer o facto de estar em fase terminal a colocação de vários aerogeradores na Serra da Gardunha, o que poderá alimentar energeticamente algumas das populações circundantes. Será mais um parque eólico a juntar a outros.
Não sou uma ambientalista militante, mas considero que temos a obrigação de preservar, na medida do que nos for possível, o planeta para que as gerações vindouras o possam usufruir.

quarta-feira, novembro 01, 2006

dias de sol

Há dias em que o Sol nos entra pela janela aquecendo-nos as mãos ainda há pouco frias.
É como se dentro de nós uma nova força se desenvolvesse...
Gosto do Sol assim, moderadamente quente, de modo a não torrar.

As minhas ausências...

As razões...
Parto no vento já sem alento... silencio-me num penar sem fim, a minha inaudível voz refugia-se no silêncio das palavras que nada dizem... o meu pensamento cruza-se algures com a cauda do vento e nele me perco... afundo-me na aniquilação de mim própria.. hoje, morro...
Ouço o canto dos cisnes, vejo a dança da chuva... tudo encenações... refugio-me em ti ó doce e efémera felicidade...
Arrasto-me no silêncio da minha solidão, bebo o cálice da tristeza e sorvo a hóstia do desânimo. Já nada me embala, nada me alegra...

domingo, outubro 08, 2006

há dias...

Há dias em que de mão estendida pedimos um sorriso à porta da Igreja ou, numa versão mais moderna, à porta do supermercado. São dias... dias cheios de nada em que as recordações teimam em chegar.

sábado, outubro 07, 2006

As coisas que se escrevem

Li num jornal que as Universidades estão a abrir as portas a centenas de alunos com o 9º ano, isto se não fosse triste até daria para rir. Desde sempre houve os chamados exames Ad-HOC, que actualmente se denominam «maiores de 23 anos». Desde sempre ficou reservado um número mínimo de vagas para alunos que, mesmo sem terem o 12ª ano pudessem concorrer às Universidades efectuando EXAMES extraordinário de avaliação da capacidade para acesso ao ensino superior (neste caso, matemática e química) elaborado pelos docentes da respectiva Universidade.

É inadmissível que um jornal que pretende ser sério venha dizer que a entrevista é um mero pró-forma. A entrevista é uma das provas, para além dessa terão de fazer, como já referi, uma prova de acesso e a maioria reprova, talvez por não reunir os conhecimentos exigidos.
Relativamente à Escola em questão nada posso dizer, pois não conheço a situação, mas se algo de errado e ilegal se passa há que ver bem a questão. É importante não generalizar e mais ainda, respeitar e tentar melhorar o ensino e as escolas. O desenvolvimento de um País passa pela educação do seu povo. Haja decência!

quinta-feira, outubro 05, 2006

O meu pé de laranja lima

Em dias de arrumações há sempre algo que nos surpreende...

terça-feira, outubro 03, 2006

infinita regressão

Pulgas grandes pequenas pulgas têm
Sobre as costas para as morderem
E as pulgas pequenas mais pequenas pulgas têm,
E assim ad infinitum.

E as pulgas grandes, por sua vez,
Maiores pulgas têm para morderem,
Enquanto estas as têm ainda maiores,
E essas maiores ainda, e assim sucessivamente.

(Morgan, cit in Gardner, 1993, p. 23)

Ou, numa versão mais paradoxal:
Aquiles nunca pode alcançar a tartaruga; porque na altura em que atinge o ponto donde a tartaruga partiu, ela ter-se-á deslocado para outro ponto; na altura em que alcança esse segundo ponto, ela ter-se-á deslocado de novo; e assim sucessivamente, ad infinitum.

(Kirk e Raven, 1979, p. 301-302)

E assim, nesta infinita regressão, vou avançando com a nítida sensação que estou exactamente no mesmo sítio... quem surgiu primeiro, o ovo ou a galinha?

Salpicos

Terminei agora o meu dia de trabalho para recomeçar daqui a umas escassas seis horas. Foi um longo dia que me deixou exausta mas que teve, aqui e ali, salpicos de alegria. É com eles que vivo!
Abusivamente retirei esta rosa de um jardim cujas portas encontrei abertas... partilho-a convosco.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Deste lado do mundo

Aqui deste lado do mundo a noite é escura e o sol teima em não brilhar.

«Cortaram-te o bico ó rouxinol
Rouxinol sem bico não pode viver»

Padre Fanhais

domingo, setembro 24, 2006

Domingo de Outono

Gosto das manhãs de Domingo, a casa mergulhada no silêncio, as ruas quase desertas como que reflectindo a serenidade dos dias dedicados à preguiça e ao lazer.
Pela janela entram os raios solares já sem a agressividade dos tons do Verão. Gosto assim, de sentir os primeiros frios, o cheiro das primeiras malhas que vestimos e o da terra absorvendo as primeiras chuvas. O Outono é a minha estação do ano preferida, entendo-a sempre como um recomeço tranquilo, como um chamamento para novos desafios.

sábado, setembro 23, 2006

E Tudo o Vento Levou

A propósito de Leslie Howard "Ashley", encontrei esta foto aqui .

sexta-feira, setembro 22, 2006

Le Chatelier

"Um sistema em equilíbrio responde a qualquer perturbação com uma alteração que tende a contrariar a perturbação a que foi sujeito."

Uma parte de nós é Química mas a outra parte de nós é Amor, e quando uma destas variáveis sofre alterações o nosso equilíbrio rapidamente tende a restabelecer-se, se isso não acontece... é a ruptura do sistema.

as mäos enrugadas do desejo*

quando as mãos enrugadas
do destino
se perdem no tempo a correr
e tuas ilusöes destrocadas**
em desatino
teimam em aparecer
agarra os sonhos que voam
aperta-os contra o peito
esquece os bracos que te magoam
e dorme com eles no teu leito

quando as mãos enrugadas
do vento
deixando o espaco vazio
secam tuas faces molhadas
e invadem teu pensamento
sente o calor que te aquece do frio
o desejo de a vida viver
as estrelas te abracando no firmamento
a dor envergonhada se esconder
quando a porta da esperanca se abriu…..

quando as mãos enrugadas
do desejo
de com ansia agarrares o presente
e tuas mãos ás minhas intercaladas
vendo ao longe o mesmo que eu vejo
o murmurio da minha voz na tua mente
implorando baixinho ” não vás….”
as nuvens gritam no ceu
o sonho que na alma morreu
enquanto o vento tuas lágrimas trás

Malou Engberg C.
.....
*poema de um amigo sueco que queria muito aprender a escrever em postuguês.
O computador dele não tinha «ç» nem alguns acentos, não me atrevi a mexer no texto.
**destroçadas

terça-feira, setembro 19, 2006

Notícias

Há coisas que me fazem «arregalar» os olhos de espanto. Dados surgidos na comunicação social apontam para 80 % de reprovações na disciplina de matemática no exame nacional de 12º ano , ou seja, em cada 100 alunos apenas 20 tiveram aprovação. Anteriormente, no exame nacional de matemática de 9º ano houve 921 alunos com a nota máxima (5) num universo de 92 000.
Estranho... não acham?
As escolas onde se ensina a engenharia que se acautelem...

domingo, setembro 17, 2006

violência versus autoridade

Chegar, bater e fugir . Vivemos numa sociedade em que a autoridade está em crise e exercê-la poderá ser um risco. Quando li o artigo vieram-me à memória histórias contadas em surdina nas paredes fechadas de reuniões amistosas de pessoas com quem convivo.
Há alguns anos atrás foi-me contada uma situação passada num escola problemática na qual um aluno em fúria tentou deitar fogo a uma sala de computadores tendo destruído algum equipamento. Como retaliação foi suspenso por alguns dias, o que, somado a inúmeras faltas por abandono e ao mau desempenho escolar do referido aluno acabou por conduzir à sua reprovação.
Os pais do aluno em questão invadiram a escola e preparavam-se para agredir uma das professoras, muito possivelmente por ser a mais nova e, portanto, com uma situação mais frágil. Teve de se refugiar num canto, como uma criminosa.
É digno um sistema de ensino que permite situações destas?
É digno não termos a coragem de sermos menos permissivos e mais educativos? mais formativos?

o zero absoluto

Há dias assim, em que me sinto perto do zero absoluto, a temperatura para a qual cessam todos os movimentos, onde as substâncias estão isentas de energia. Mas, sendo o zero absoluto impossível de atingir, digamos que estou na sua vizinhança, o que me confere estas propriedades especiais de preguiça, tristeza, nostalgia, etc... enfim... vagueio.

quinta-feira, setembro 14, 2006

procuro... e encontro

Procuro uma definição objectiva de equivalência.
Encontro definições subjectivas afectadas de: preguiça, má vontade, prepotência e incompetência.
Nada disto teria importância se o facto não afectasse o bem estar de quem as procura - equivalências...

quarta-feira, setembro 13, 2006

versos roubados a José Afonso

Menina dos olhos tristes
o que tanto a faz chorar
(...)
Senhora de olhos cansados
porque a fatiga o tear
(...)
A lua que é viajante
é que nos pode informar
(...)

segunda-feira, agosto 28, 2006

o eco dos sentimentos

Hoje levantei-me um pouco atordoada pelo toque insistente da campainha, era a empregada que vinha limpar o andar de baixo pertença de uma jovem que ainda não descobriu que o ser humano (ela, mais propriamente) não é eterno, a seu tempo lá chegará.
Este mau início para mais um dia na continuidade do tempo não trazia bom augúrio.
E foi assim que me dei conta de quão ridículos podem ser os sentimentos e, mais ainda, a insistência com que os alimentamos ficando a ouvir o eco por eles produzido acontecendo por vezes, devido à reverberação, ficarmos impossibilitados de distinguir o som dos seus infinitos reflexos.

domingo, agosto 20, 2006

Arthur Rimbaud

Rimbaud considerado na sua época um poeta maldito.

VOGAIS

A negro, E branco, I rubro, U verde, O azul, vogais,
Ainda desvendarei seus mistérios latentes:
A, velado voar de moscas reluzentes
Que zumbem ao redor dos acres lodaçais;

E, nívea candidez de tendas areais,
Lanças de gelo, reis brancos, flores trementes;
I, escarro carmim, rubis a rir nos dentes
Da ira ou da ilusão em tristes bacanais;

U, curvas, vibrações verdes dos oceanos,
Paz de verduras, pas dos pastos, paz dos anos
Que as rugas vão urdindo entre brumas e escolhos;

O, supremo Clamor cheio de estranhos versos,
Silêncio assombrados de anjos e universos;
- Ó! Ômega, o sol violeta dos Seus olhos!

sábado, agosto 12, 2006

As palavras

O vento as levou...

sexta-feira, agosto 11, 2006

O som e o silêncio

O som é uma onda impossível de se propagar no vácuo. E o silêncio? O silêncio é a ausência de som. No entanto, podemos distinguir dois tipos: o silêncio, comparável à morte, que é só e simplesmente, ausência de som e o silêncio como forma de comunicação, tantas vezes entendível como um grito, outras como uma carícia.
«If I have been speaking to almost no one it has not been a "proud silence," but on the contrary a very humble one, that of a sufferer ashamed to reveal how much he suffers.»
Nietzsche, Letters 1888

quarta-feira, agosto 09, 2006

malva de Perkin

A malva (esquerda) e o corante (direita)

.........
Agora que o tempo me sobra para as leituras, resolvi folhear algumas revistas atrasadas que se amontoavam no cesto.
Na Química, revista nº 101 da SPQ, encontrei um artigo sobre as moléculas da cor na arte e na natureza, nele se falava no primeiro corante inteiramente sintético a ser produzido (1856), a malva de Perkin.
A cor fascina-nos e, numa ousadia sem limites, o ser humano vai associando a natureza à química para conseguir aprisionar as moléculas da cor.
A minha esperança é que um dia o azul da tela me permita usufruir a plenitude do sabor, do odor e do toque que nos transmite um simples mergulho no alto mar .

terça-feira, agosto 08, 2006

aventuras de alice no país das maravilhas

Este foi um dos livros que me fascinou, li-o na minha infância e, mais tarde, já na adolescência, voltei a lê-lo na versão integral, assim como «Alice através do espelho».
Numa das minhas deambulações pela net encontrei um site interessante onde é possível ver e folhear online o manuscrito que lhe deu origem.
Espero que gostem de recuar no tempo e consigam folhear e ler o caderninho de Lewis Carroll.
Nota: o site demora um pouco a surgir. Na parte inferior da página há uma barra de comandos onde se pode ouvir a história e aumentar o tamanho da letra.

segunda-feira, agosto 07, 2006

O vazio da existência

Um conjunto vazio não contém elementos, no entanto, ele está contido em todos os conjuntos.

domingo, julho 30, 2006

Juras

Faço e desfaço qual Penélope tecendo a sua colcha. Espero o mendigo que um dia conseguirá atirar certeira a flecha.
Hoje apetece-me fazer juras...
Eu juro, juro mesmo, que um dia tomarei o caminho do bem, que alcançarei o reino dos céus e, principalmente, juro que escolherei o caminho das pedras de modo a poder deslizar sobre as águas marinhas sem me afogar... eu juro.. juro...
(...)
“Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C’uma aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!“


(...) ....... Luís Vaz de Camões
......
À nossa volta a ânsia do poder, a incontrolável presença da intolerância, o autismo permanente, a ausência de reconhecimento dos direitos dos outros.

quinta-feira, julho 27, 2006

A Química

foto tirada daqui
Hoje recebi um email da SPQ em que o assunto era o choque tecnológico, as ciências exactas e o acesso ao ensino superior.
Mais especificamente a revolta estava no facto de a Química ser «praticamente varrida» das turmas escolares do 12º ano sendo substituída por Geologia, Biologia, Psicologia, etc etc.
Não posso deixar de me solidarizar com o protesto, a Química é uma ciência fundamental, dela derivam muitas outras e, embora não esteja na crista da onda, a verdade é que sem ela não poderemos sobreviver, pois, como se sabe, a nossa existência assenta na combinação harmoniosa de átomos e moléculas conducente a este conjunto a que chamamos corpo humano. Claro, a ele está associada a essência e essa versará com certeza outras áreas que não duvido serem também fundamentais.
A Química não está na moda, é um facto! Mas daí a substitui-la por essa atractiva ciência que é a Geologia, por exemplo, correremos o risco de nos transformarmos todos em matéria inerte. Sim eu sei, muitos de nós já o somos, há uma tendência para a mecanização de gestos, atitudes e modos de vida que por vezes me faz deitar as mãos à cabeça numa tentativa de a segurar receando a sua eminente queda. É a normalização!

terça-feira, julho 25, 2006

A indecifrável natureza humana

O ser humano é por natureza complexo e labiríntico, é incapaz de gerir a coexistência inevitável da razão com a emoção. Ao analisar estas duas vertentes rapidamente se conclui que não só são antagónicas como se digladiam mutuamente numa batalha sem tréguas, como dois soldados vestindo fardas diferentes. Quer queiramos ou não, «a emoção desfaz a razão», seja ela de que natureza for, amor, ódio, não há como contornar a questão.
Invente-se uma forma de coexistência pacífica e estruturante!

quarta-feira, julho 19, 2006

A Esperança de poder esperar

Ontem no regresso a casa depois de mais um dia a inventar coisas, ouvi a Fernanda Montenegro no programa «Pessoal e Intransmissível» dizer que «não gostava da palavra Esperança por ela estar associada a algo que poderia, ou não, acontecer».
Quedei-me a pensar no assunto e concordo com ela, à minha memória veio a frase batida: a Esperança é a última a morrer. É uma frase que está associada a acontecimentos que muito provavelmente nunca ocorrerão mas que nos ajuda a mitigar o desespero do inevitável.
Sendo assim, faço minhas as suas palavras e digo: prefiro esperar a ter Esperança. Espera-se por algo que vai acontecer, tem-se a Esperança que aconteça o improvável.
Sendo assim, fico à espera!

segunda-feira, julho 10, 2006

(...)
Ó subalimentados do sonho!

....................A poesia é para comer.
Natália Correia

domingo, julho 02, 2006

Silêncio

Não gosto do silêncio, o silêncio, quando não acompanhado de outras manifestações, como o olhar, o respirar, o tocar, tem o sabor a morte.
Mesmo quando me refugio no cume das montanhas, gosto de ouvir o uivar do vento, o cantar de uma cigarra, o correr da água do rio, ou o tilintar dos sinos no pescoço das ovelhas.
Mesmo quando procuro a praia deserta, gosto de ouvir o som das ondas no seu inquietante movimento, o som do seu impacto na areia. O silêncio é a ausência absoluta de som, é o vazio, tendo em conta que o vazio é, por definição, ausência de matéria.
Mesmo quando me encerro num espaço fechado, gosto de ouvir os sons vindos da rua, uma criança que grita, um papagaio que invariavelmente repete: ó mãe, ó mãe.. có córó cócó.
Não gosto, não gosto do silêncio!
O silêncio é a ausência de resposta, o silêncio é viver um dia a dia de autismo puro e duro.
Gosto da alegria das respostas, dos sons, da vida!

quinta-feira, junho 29, 2006

A Forma do dizer.

Foto tirada da net

É interessante constatar como nós, seres humanos, muitas vezes ficamos felizes apenas com a forma «do» dizer, colocando em segundo plano a forma «do» acontecer.
........
«Creio que foi o sorriso, o sorriso foi quem abriu a porta...»
Eugénio de Andrade

domingo, junho 25, 2006

A 25ª Sinfonia de Mozart

A música é algo sem a qual não consigo passar e Mozart é um dos compositores que me desperta paixões. Embora a 25ª Sinfona não esteja entre as mais cotadas (perdoem o termo), é uma das minhas preferidas, tive já a oportunidade de a ouvir na Gulbenkian em toda a sua plenitude. Hoje sinto-me feliz, é como se tivesse encontrado um «eco» de mim própria, uma busca que penso ter durado uma vida. A convergência é única e enriquecedora.
Não sei que sentimento é este, deve estar contido nos novos termos que as tecnologias nos trouxeram. Mas também não tento identificá-lo, deixo que esta sensação de bem estar me preencha o espírito, porque é na satisfação do espírito que encontramos forças para ir mais além.

quinta-feira, junho 22, 2006

Rectas paralelas encontram-se no infinito

foto tirada daqui

Rectas paralelas encontram-se no infinito. Hoje mantive uma interessante discussão acerca desta frase. Se olharmos as duas linhas do comboio, temos a sensação que elas se cruzam algures, no infinito. É a chamada Geometria Projectiva, considerada uma extensão da geometria euclidiana pelos elementos do infinito. Surgiu com os artistas do Renascimento, numa tentativa de dar aos quadros que pintavam uma forma real dos objectos de modo a serem facilmente identificados.
Ao olhar o ponto longínquo onde as duas linhas parecem cruzar-se não posso deixar de fazer a ligação a este fantástico acontecimento que foi o surgimento da net e a possibilidade que nos trouxe de trocarmos ideias, pensamentos e até sentimentos num paralelismo tal, que mesmo dando-nos a sensação da convergência nos vai mantendo isolados, cada um no seu trilho.

quarta-feira, junho 21, 2006

Noites de trabalho

Mesmo as coisas simples se tornam complexas quando não compreendidas.

segunda-feira, junho 19, 2006

Ainda a parte humana da net

Ainda que este post surja um pouco desfasado nesta sequência, ele surge com carácter de urgência:
- Obrigada pela humildade!
Não é humilde quem quer, é humilde quem pode!! Quem encerra dentro de si um mundo misterioso pleno de sabedoria e grandeza. Por vezes basta um sorriso, uma palavra ou apenas a simples existência para que toda a nossa angústia se dissipe.
Se eu tivesse lágrimas, choraria de alegria simplesmente porque existe! Que o «O Combate com o Demónio*» surja sempre nessa forma! *Stefan Zweig
«São demónios que tentam os seus 'possessos' com sonhos e possibilidades de grandeza, de beleza, de pureza, de infinitude, de genialidade, de imortalidade em troca do sacrifício das vidas estáveis, respeitáveis, bem- -pensantes, seguras, previsíveis, comprometidas com o mundo exterior. É uma voz demoníaca incompreensivelmente persuasiva a que exorta estes homens, em obstinados sussurros interiores, a revoltarem-se contra a pessoa 'boazinha', 'dócil' e 'mansa' que existe em todos eles, uma voz que troça violentamente dos seus 'bons sentimentos', dos seus desejos de conciliação, diplomacia e harmonia com o mundo em que vivem, um mundo que, segundo essas vozes demoníacas, não os merece, não está à sua altura, um mundo que se compraz na mentira sistemática, no auto- -engano, nas dependências sociais e afectivas interesseiras e vampirescas, um mundo, enfim, que, de tão espúrio, medíocre e instalado na sua balofa e repelente moralidade burguesa, não merece deles qualquer tipo de comprometimento - o comprometimento destes autênticos génios da honestidade e do autoconhecimento humanos é apenas com os seus altamente idealizados e intransigentes mundos interiores.»

domingo, junho 18, 2006

As Mulheres e a Ciência

Este post não pretende ter um carácter feminista ou de algum modo ser uma tentativa para sobrevalorizar as mulheres, é apenas o resultado da minha imensa curiosidade. Vivemos num mundo em que cada vez mais, homens e mulheres, deverão estar lado a lado de modo a preservá-lo, melhorá-lo e fazer dele o paraíso que todos nós sonhámos um dia.
Actualmente em Portugal quase 60% dos estudantes universitários são mulheres, espalhando-se pelo vasto leque de cursos existentes, alguns deles outrora escolhidos maioritariamente por homens.
Estes números conduzem-nos, inevitavelmente, ao facto de cerca de 43% dos investigadores portugueses serem mulheres.
Não podemos dizer que somos excepção pois, de um modo geral, nos outros países da Europa a tendência é semelhante, tendo sido constituído em Novembro de 1999 o " Grupo de Helsínquia sobre Mulheres e Ciência", cujo nome deriva do facto de a reunião se ter realizado em Helsínquia
Ao longo da História muitas foram as mulheres que tiveram um papel preponderante no desenvolvimento da Ciência. Remontam a 4000 anos atrás, os primeiros indícios da participação activa da mulher na Ciência com o aparecimento do nome de En Hedu'anna ligado à astronomia, matemática e também à arquitectura. Deixou um conjunto de poemas, sendo o mais conhecido 'Exultation of Inanna'.
Nas próximas postagens falarei particularmente de algumas delas, nomeadamente as que tiveram um papel mais preponderante, pois seria fastidioso e exaustivo fazê-lo para todas.

O Retorno

Foto tirada pelo meu amigo Z.C.

Mas já se reencontrou? Perguntam vocês. Afinal não estava perdida, num súbito sonambulismo dei por mim numa esquina desconhecida, mas, após breves instantes constatei que o percurso de regresso era curto e, aqui estou! Ainda pensei em trazer uma rosa, para vos agradar... mas optei por mostrar a janela onde ainda se pode ver o vidro partido por onde entrei.

sábado, junho 17, 2006

As Mulheres e a Ciência

As estatísticas dizem que actualmente cerca de 60% dos estudantes universitários são mulheres. Elas ocupam posições em cursos tradicionalmente escolhidos por homens o que nos levará a concluir que dentro de alguns anos as chefias a um nível superior serão ocupadas por mulheres. Alguns estudos têm demonstrado que os homens na sua adolescência têm uma maior dificuldade em se concentrar nos estudos dispersando-se um pouco e deixando que as colegas do sexo oposto tenham melhores resultados escolares o que conduz a uma maior facilidade no acesso ao ensino superior. Isto conduz a que em Portugal uma grande parte da investigação fundamental, aplicada e de desenvolvimento seja levada a cabo por mulheres que conciliam as suas actividades profissionais com as de educadoras e mães.
Não pretendo com este post tomar uma posição feminista ou de defesa da condição de se ser mulher em Portugal ou no mundo, pretendo apenas que seja uma introdução à série de posts que publicarei em forma de homenagem a todas as mulheres que ao longo da História se dedicaram à Ciência.

sábado, junho 10, 2006

A noite...


Foto tirada pelo meu amigo Z.C.

Gosto de estar na quietude da noite, sentir a brisa do vento que livremente entra pela janela aberta.
Gosto do toque suave do pensamento quando navega sobre as águas de um mar chão onde se reflecte a luz da lua em quarto crescente.
Gosto de ouvir o som do silêncio de olhar a luz dos pirilampos.
Gosto de olhar as estrelas, imaginar que nelas habitam sonhos de luz que me fazem crescer.
Gosto das sombras que ora me assustam.. ora me divertem.
Gosto da noite... não a noite turbulenta, mas a que me que me traz a Paz, a que me aproxima daqueles de quem gosto.
Gosto de saber que a tua imagem ficará para sempre envolta numa aura de luz.
Estendo a mão, gosto de pensar que reaprenderei a caminhar.

quinta-feira, junho 08, 2006

Horizontes...

(...) Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: – Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!
Luís Vaz de Camões

domingo, junho 04, 2006

A saga das certezas nas incertezas

Ainda na sequência do post Metron Logos e a propósito da Qualidade, veio-me à memória uma estória (foi-me contada como anedota, mas como não gosto muito da palavra, requalifico-a como estória) que nos dá uma ideia da evolução e importância do cálculo de incertezeas. Aí vai...
Após uma guerra, como gosto da figura do Aníbal Barca o tal que desafiou o Império Romano (ainda um dia explorarei esta minha atracção por aqueles que ousam desafiar os Impérios ) vamos supor que Aníbal, o comandante, perguntou a um dos soldados: quantos eram os inimigos? O soldado, muito prontamente, respondeu: 1001. O comandante perplexo pergunta: 1001??? Mas como conseguiu contar com tanta exactidão esse número de inimigos? Ao que o soldado respondeu: à frente vinha 1 e atrás vinham pr'aí uns mil. Conclusão: número de soldados = 1±1000. (É suposto rirem-se...)
Neste caso a incerteza ultrapassa de longe o resultado. Actualmente a certeza no cálculo das incertezas já é tão grande que nos conduz cada vez mais a resultados exactos e que abonam a favor da Qualidade dos produtos que consumimos, nomeadamente alimentos.
Para que estou a debitar estas palavras? Apenas para chamar a atenção da importância de ler os "±" que se encontram à frente dos resultados, que muitas vezes (que pena não serem mais) vêm descritos nas embalagens dos produtos que consumimos...

quarta-feira, maio 31, 2006

O fascínio das marionetas

O teatro de marionetas sempre exerceu sobre mim um certo fascínio, há pouco tempo tive a oportunidade de recordar memórias de infância.

terça-feira, maio 30, 2006

O Ramo de Flores

Há gestos que ficam gravados nas gavetas mais inacessíveis do nosso querer, que têm sobre nós o efeito de gotas de água sobre uma folha verde numa tarde quente de verão.
Era a hora do recolher, era um tempo em que a solidão se torna uma necessidade, a hora em que a luta tem um carácter urgente. Deitada sobre aquela cama de lençóis ásperos e amarrotados com uma cor mais ou menos pardacenta mas de uma limpeza acéptica, recuperava. Na ombreira da porta daquele hospital tão austero, de onde tinha sido arrancada toda a beleza, sobrando, no entanto, a grandeza dos que lutam minuto a minuto ao nosso lado como se deles fosse a vida, surgiu o mais bonito do ramos de flores. Misturado com o exotismo do ananás anão, a simplicidade das margaridas, a beleza do verde e a originalidade do enlace dos troncos. Os olhos, cansados de olhar o infinito dos dias por conhecer abriram-se de espanto e as mãos trémulas e sôfregas da ajuda que não ousavam pedir, acariciaram o laço que o envolvia.
Gestos guardados nas dobras das mais intensas dores e que agora surgem como alimento para os dias que foram roubados à morte.
Gestos que quebraram a monotonia da solidão de quem luta pela vida, sem alaridos, sem gritos, sem gestos obscenos de exposição mas com veemência.
Gestos que só alguns sabem oferecer, gestos que só de alguns ousamos receber.
Lembras-te?

quinta-feira, maio 25, 2006

O Processo...

Mas alguém se lembra que Bolonha é uma cidade italiana, carregada de História e beleza, berço de etruscos e cobiça de romanos?
Não, quase ninguém se lembra! Bolonha anda na boca dos portugueses em forma de Processo , para uns, Declaração, para outros e Acordo para uns quantos.
Bolonha e o seu Tratado traz estudantes, professores e população em geral, num grande reboliço, uns porque receiam o desconhecido, outros porque isso implica uma sobrecarga de trabalho e outros ainda, porque não estando esclarecidos não sabem muito bem o que pensar.
A uniformização é assim, todos iguais, todos diferentes, ou, se preferirmos uma versão menos "soft" , todos iguais, mas uns mais iguais que os outros.
A Esperança é a última a morrer...

terça-feira, maio 23, 2006

Eu vim de longe...

A terra é terra!
E aqui fico, mergulhada na minha condição de lavradora...
Por vezes, uma única palavra basta para nos recordar o que somos, de onde vimos e para onde vamos. Fica pelo meio o caminho que percorremos...

Vácuo vs Vazio

Na Física, o vácuo é a ausência de matéria num determinado volume, assim o definiu Pascal. No entanto Aristóteles recusava a existência do vazio.
Balanço entre uma e outra Teoria, por um lado recuso o vazio que (pre)sinto e por outro lado há dias em que a sua (não) existência se faz sentir, pressionando-me

segunda-feira, maio 22, 2006

O Perfume das Rosas


São rosas, Senhor são rosas....
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Nem o cinzento do Astro retirou a beleza e a suavidade perfumada das pétalas vermelhas que o vento espalhou...

Certezas na incerteza

Quando falamos de Qualidade em resultados é importante calcularmos com grande certeza o intervalo da incerteza com que obtivemos o resultado.
Pena é que nas relações humanas essa incerteza não esteja confinada a um simples intervalo e as certezas sejam apenas uma miragem, fazendo com que se instale uma dúvida sistemática e estejamos a cada instante na eminência de descobrir que o que era já não é. É desta instabilidade permanente que se alimentam as relações amorosas, considerando que o amor não é mais que uma amizade ardente.
Talvez volte a este tema, isto foi apenas um ponto de partida para a análise que farei mais tarde, considerando que ainda me faltam bastantes dados para a concretizar.

quinta-feira, maio 18, 2006

“De Revolutionibus Orbium Coelestium”

Heliocentrismo e Copérnico
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Pois é, a revolução das esferas celestes, apesar da teoria de Copérnico, mais tarde desenvolvida e defendida por Galileu Galilei, se confirmar, ainda existe alguma geocentria por aí. Tudo o que é inovador provoca uma espécie de reacção alérgica no ser humano. O que realmente me tranquiliza é o facto de já existirem anti-histamínicos eficazes que têm como efeito secundário uma espécie de entorpecimento.

terça-feira, maio 16, 2006

O Tempo

Foto "roubada" do blog de um amigo.

"O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem, o tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto o tempo que o tempo tem."

E é assim que no pouco tempo que o tempo nos permite encontramos o tempo que dedicamos a quem gostamos, mesmo que esse tempo se manifeste apenas em palavras escritas.

terça-feira, maio 09, 2006

O Ponto de Orvalho

Definição: O ponto de orvalho é a temperatura para a qual o vapor de água presente na atmosfera satura o ar e começa a condensar-se, isto é, começa a formar-se o orvalho. A temperatura do ponto de orvalho é sempre inferior ou igual à temperatura do ar.
Ora bem, digamos que estou quase a atingir o ponto de orvalho, estou tão saturada que dentro de alguns minutos começarão a espalhar-se pelo chão gotas de mau feitio, o que quer dizer que quem estiver perto de mim, será melhor arranjar um guarda chuva ou então, fugir, fugir...
Mas talvez se consiga contrariar a natureza da irrascibilidade atirando um pouco de ar quente, ou seja, arranjar paninhos quentes de modo a que esta tendência para condensar na forma de gota seja contrariada passando imediatamente ao estado gasoso, estado esse que, pela sua natureza dispersa, se dissipa na atmosfera confundindo-se com um gás raro e leve.

domingo, maio 07, 2006

O Ponto Triplo da água

Há dias em que me sinto assim, como se coexistissem em mim os três estados: líquido (uma preguiça infinitamente grande aliada à sensação de que tudo pode esperar); sólido (agarrada a convicções, a certezas cujas incertezas são nulas) e, finalmente, gasoso (uma espécie de entorpecimento entrecortado por pequenos pontos descontínuos - alegrias seguidos de tristezas mais ou menos indefinidas).
Dizem os entendidos (ainda ontem jantei com três psis, o que me leva a crer que qualquer dia ainda me arranjam uma qualquer classificação Freudiana, Skinnense, Reichiana ou Pavloviana, etc etc) que isto são sintomas depressivos. Houve uma altura na minha vida em que eu não tinha tempo absolutamente nenhum para depressões, acho que com o passar dos anos se vão cavando alguns buracos, será que estou a ficar deprimida??
Este post está exactamente como eu - disperso, sem conteúdo, com as letras ordenadamente desordenadas e os pensamentos desordenadeamente ordenados, com tendência para o caos, efeitos nefastos do facto de hoje ter decidido não sair de casa e também de uma certa nostalgia que se instalou. (Mas porque estou eu a falar disto?)

Dia da Mãe

Porque não gosto de "Dias de..."
Vou dedicar este post a todas as mães cujos filhos encetaram uma viagem sem regresso, vou dedicar este post a todas as crianças que tiveram de assistir à elaboração de presentes para o dia da mãe que elas não têm.
Eu sei, já um dia me responderam: e porque elas não têm mãe/pai os outros não têm direito a comemorar? Têm... aliás, comemoram todos os dias... porquê inventar um dia especial? Para comercializar uma carrada de bugigangas?
Perdoem a minha aparente crueldade, sou mãe extremosa e filha amantissima.
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Como bolhas de ar encerradas em gotas de água no espaço, é assim que eu acho que se sentem os que assistem a festas nas quais não podem participar.
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Dia da Mãe

Pois então..
Eu, como já escrevi em vários sítios, não gosto muito de "Dias de...". Não vale a pena perguntarem porquê, porque isso não tem resposta, talvez Freud, cujos 150 anos de existência foram comemorados, pudesse explicar esta minha aversão. Mas, ao que parece, as suas teorias estão um pouco ultrapassadas, logo, não poderei encontrar uma justificação plausível para esta minha aversão.
Sou mãe estremosa e filha amantissima, mas que querem? não me sinto mais amada pelo facto de as minhas filhas me darem, neste dia, uma prenda e também não amo mais a minha mãe pelo simples facto de, neste dia, a contemplar com uma bugiganga qualquer.
Eu sei, eu sei... mãe há só uma... cinco letras apenas.. ó minha mãe minha amada... etc etc.
Como tal, as minhas filhas nem se lembraram que hoje é o dia da mãe, embora eu, porque sei que a minha mãe gosta, tenha tido essa preocupação relativamente a ela.
Não julguem que as minhas filhas gostam menos de mim por não me terem comprado prendas... são as filhas mais maravilhosas que uma mãe pode ter e tenho a certeza que é biunivoca esta correspondência.

A saga das certezas nas incertezas

Ainda na sequência do post Metron Logos e a propósito da Qualidade, veio-me à memória uma estória (foi-me contada como anedota, mas como não gosto muito da palavra, requalifico-a como estória) que nos dá uma ideia da evolução e importância do cálculo de incertezeas. Aí vai...
Após uma guerra, como gosto da figura do Aníbal Barca o tal que desafiou o Império Romano (ainda um dia explorarei esta minha atracção por aqueles que ousam desafiar os Impérios ) vamos supor que Aníbal, o comandante, perguntou a um dos soldados: quantos eram os inimigos? O soldado, muito prontamente, respondeu: 1001. O comandante perplexo pergunta: 1001??? Mas como conseguiu contar com tanta exactidão esse número de inimigos? Ao que o soldado respondeu: à frente vinha 1 e atrás vinham pr'aí uns mil. Conclusão: número de soldados = 1±1000. (É suposto rirem-se...)
Neste caso a incerteza ultrapassa de longe o resultado. Actualmente a certeza no cálculo das incertezas já é tão grande que nos conduz cada vez mais a resultados exactos e que abonam a favor da Qualidade dos produtos que consumimos, nomeadamente alimentos.
Para que estou a debitar estas palavras? Apenas para chamar a atenção da importância de ler os "±" que se encontram à frente dos resultados, que muitas vezes (que pena não serem mais) vêm descritos nas embalagens dos produtos que consumimos...

sexta-feira, maio 05, 2006

Metron Logos

Nos dias que correm a Metrologia está cada vez mais infiltrada no nosso dia a dia, uma vez que, finalizada a etapa da subsistência primária, nos preocupamos cada vez mais com a qualidade e, sem metrologia, não há qualidade. Ela está presente nas mais pequenas coisas do nosso dia a dia, quer na quantidade de batatas que compramos no mercado, quer nas análises que nos indicam o nosso estado de saúde, assim como nos grandes projectos de investigação e desenvolvimento não falando de outros sectores que obrigatoriamente a aplicam. No entanto é curioso notar que, por vezes, os que deveriam ter mais presente esta ciência são os que mais a negligenciam avançando com equipamento não calibrado que levará, inevitavelmente, a resultados com uma certeza cuja incerteza nos faz desconfiar.
Em modo de definição, cito aqui J.B. Tomé no livro Portugal e a Europa no Mercado Mundial da Qualidade - Realizar implica medir. Noções de grande ou pequeno, estreito ou largo, pesado ou leve, branco ou preto encerram a noção de comparação com um padrão ou com uma referência: medição, afinal.
É importante estabelecer o elo entre a ciência que trata da medição - Metrologia e a Qualidade que podemos definir como a ciência que trata da adequação ao uso. Talvez possamos compreender melhor se atentarmos cuidadosamente na seguinte afirmação: Na natureza não existe igualdade, tal como se pode dizer de igual modo também não existe simultaneidade, e a estatística demonstra que a probabilidade de duas grandezas serem iguais (ou de acontecimentos serem simultâneos) é nula. A igualdade constitui pois uma caracterização convencionalmente verdadeira apenas segundo objectivos bem determinados e apenas para determinados fins, S.D. Antunes em Metrologia e Qualidade. Todas as medidas são feitas tendo em conta um determinado padrão de referência, ou seja, comparando.
Por tudo isto e muito mais é cada vez mais importante começarmos a distinguir a Metrologia da meteorologia e percebermos que se queremos produtos certificados, laboratórios acreditados, etc etc.. teremos de, necessariamente, preocupar-nos com a qualidade e entendermos bem o que é a metrologia.
Dirão: mas porque é que esta resolveu bombardear-nos com esta treta? Ora... muito simplesmente porque estou cansada de ser emendada quando pronuncio a palavra Metrologia - metron (medida) + logos (ciência).
Sejamos felizes, mas com qualidade!

quarta-feira, maio 03, 2006

nuclear

Núcleos, fissão e fusão...
Acho importante explicar e debater um tema de tão grande importância como a construção de uma Central Nuclear em Portugal. Não pretendo com este post um rigor científico.
Há determinados elementos químicos, como por exemplo: urânio, plutónio, tório, etc, que possuem isótopos capazes de desenvolver reacções nucleares que transformam massa em energia. Dentro deste tipo de reacções podem considerar-se dois sub-tipos: fissão nuclear e fusão nuclear. Na primeira um núcleo atómico subdivide-se em dois e na segunda, dois núcleos fundem-se, ocorrendo neste processo produção de calor. A primeira não liberta para a atmosfera gases tóxicos, o que é uma vantagem. Este tipo de reacções são as chamadas reacções em cadeia o que quer dizer que depois de iniciadas elas se vão desenvolvendo continuamente.
É nas Centrais nucleares que ocorrem este tipo de reacções, que têm algumas vantagens, uma delas é o facto de não produzirem gases tóxicos (fissão nuclear) que poderiam causar um aumento do efeito de estufa, pois não utilizam combustíveis fósseis, mas, em contrapartida, produzem lixos nucleares que têm de ser armazenados muito cuidadosamente para não haja qualquer hipóteses de fuga para o ambiente. Para além disso, caso haja um acidente, as consequências a curto, médio e longo prazo serão catastróficas.
Uma grande parte dos Países europeus e não só, adoptou este tipo de produção de energia.
A minha pergunta é: somos um País com sol, mar e algum vento, será que é absolutamente indispensável a criação de Centrais nucleares? Como é evidente, estando nós tão próximos de outros Países europeus que adoptaram este sistema, estaremos sempre sujeitos às consequências directas ou indirectas da ocorrência de acidentes e, até, do armazenamento do lixo nuclear. Mas, um mais um são dois, quanto mais Centrais existirem maior é a probabilidade da ocorrência de acidentes e maior a quantidade de lixo que é necessário armazenar.
De coração, sou contra a energia nuclear, no entanto a razão diz-me que poderá ser uma alternativa. Que fazer?? Continuo a achar que mais vale prevenir que remediar, caso haja hipóteses de explorar outro tipo de fontes de energia. É urgente debater, queria deixar aqui um link, como não o sei fazer, deixo o site http://debate-nuclear.net/blog/como_apoiar.

Acidentes de trabalho

Vem este post a propósito da tentativa de prolongamento da actividade laboral dos trabalhadores para além dos 65 anos e não só.
Os acidentes de trabalho acontecem, uma grande parte das vezes, não só pela falta de segurança no local de trabalho, como também pela incúria do próprio trabalhador e ainda pelo facto de nos esquecermos que há determinadas alturas em que as nossas condições físicas não comportam a elaboração de "uma" determinada tarefa, nomeadamente uma actividade que exija acuidade e precisão.
Estou com uma grande gripe desde Segunda-feira, tendo ontem atingido o ponto alto, mas, como ando um pouco pressionada com datas que é necessário cumprir, insisti em ir realizar uns ensaios laboratoriais. Tudo bem, liguei o pc, introduzi no software as condições necessárias para a realização da experiência e fui preparar a amostra a analisar. Porque se tratava da pesagem de uma quantidade muito pequena de uma amostra líquida, muni-me de uma pipeta de pasteur (que é assim um tubinho de vidro muito fino com a ponta tipo capilar e uns 25 cm de comprimento), de uma pequena pompette e lá fiz uma tentativa para retirar a amostra do recipiente onde se encontrava, mas, porque estava meia "tremeliques", deixei cair a referida pipeta dentro do recipiente não tendo já qualquer hipótese de a retirar. Nova pipeta, mas, desta vez, fiz um pouco mais de força para a introduzir na pompette. Estão mesmo a imaginar o que aconteceu, como estava com os movimentos um pouco descontrolados devido à gripe e consequente febre, a força que antes tinha sido inferior à necessária, desta vez foi muito superior e senti o vidro estilhaçar e entrar pelo meu dedo dentro. Claro que fiz um corte de todo o tamanho, que se fartou de sangrar e com uma certa profundidade.
Conclusões: não devemos arriscar fazer determinados trabalhos quando não reunimos as condições físicas necessárias. Será que aos setenta anos a maioria das pessoas ainda estará plenamente capacitado para executar determinadas tarefas?

segunda-feira, maio 01, 2006

Maio maduro Maio


Maio maduro Maio
Quem te pintou
Quem te quebrou o encanto
Nunca te amou
Raiava o Sol já no Sul
E uma falua vinha
Lá de Istambul
Sempre depois da sesta
Chamando as flores
Era o dia da festa
Maio de amores
Era o dia de cantar
E uma falua andava
Ao longe a varar
Maio com meu amigo
Quem dera já
Sempre depois do trigo
Se cantará
Qu'importa a fúria do mar
Que a voz não te esmoreça
Vamos lutar
Numa rua comprida
El-rei pastor
Vende o soro da vida
Que mata a dor
Venham ver, Maio nasceu
Que a voz não te esmoreça
A turba rompeu

quarta-feira, março 15, 2006

Arestas

Serve este post para iniciar este blog no qual espalharei palavras, umas vezes ordenadamente, outras ao acaso.
Sendo assim, vou tentar explicar o porquê de ter escolhido como pano de fundo as palavras de João dos Santos, pedagogo que admiro e a quem agradeço o facto de partilhar comigo, nos livros que escreveu, alguns dos seus pensamentos.
Pois é, o que me irrita e me desespera são aquelas pessoas que, mesmo antes de saberem do que estamos a falar, ou de se fundamentarem sobre o assunto, já estão a fazer perguntas impedindo assim que possamos estender o que de facto queríamos transmitir, introduzindo assim um certo ruído na propagação das ideias e pensamentos.
Pronto, está bem, eu sei, sou uma bacoca armada em intelectual da treta.
Está iniciado o blog, vamos ver se consigo mantê-lo...