quinta-feira, março 29, 2007

Insónia

Era Inverno, lá fora o vento empurrava a chuva e o frio cortava.
Sentada no sofá, ela olhava fixamente a TV na tentativa de perceber o que o JMV dizia, mas os seus ouvidos estavam atentos a outros sons.
- Estás bem?
- Sim, estou, não te preocupes, isto passa...
O medo infiltrara-se de tal modo que ela nada mais ouvia que o pulsar da respiração dele entrecortada por pequenos sons que ela imaginava serem de dor.
- Queres ir agora?
- Não, esperamos pela manhã. Não dormes, não vais descansar?
- Não, não tenho sono, estou com uma insónia terrível...
Mentia, não era insónia, era medo. Lá dentro o bébé chorou, as lágrimas recolhidas aproveitaram a cumplicidade da escuridão do quarto para poderem estender-se um pouco e jorrar como fontes manchadas de sangue e dor.
- Senta-te aqui, ajudas-me? Estás tão bonita, tenho tanta pena de perderes assim os teus dias, só tens gente para tratar...
Levantou-se bruscamente e disse:
- Não digas asneiras! Só perde tempo quem o tem de sobra. Vá, deita-te, vou ajudar-te a descansar. Queres que te faça uma massagem na barriga?
- Sim...
Cansado, deixou-se embalar na doce magia do toque das suas mãos e, finalmente, adormeceu.
Júlia de Sá

terça-feira, março 27, 2007

Pequenos apontamentos

Por vezes a noite torna-se demasiado longa surgindo então uma necessidade absoluta de a preencher. Nesse contexto, resolvi retirar de um dos caixotes onde guardo livros que esperam o surgimento de novas prateleiras, O Significado da Relatividade de Albert Einstein, numa edição de 1958 já com as páginas amarelecidas pela passagem dos anos, numa tradução feita pelo Professor Mário Silva.
Todos nós temos um referencial de tempo e é comum dizermos «antes de» e «depois de», no entanto esse referencial é subjectivo pois apenas se aplica a cada um de nós não sendo este tempo mensurável, podendo, no entanto, ser associado a um corpo físico que é o relógio. Pode, assim, haver uma comparação entre experiências de pessoas diferentes associando a ordem dos acontecimentos fornecidos pelo relógio com a ordem da série de acontecimentos considerada anteriormente. Ficam então baralhadas as nossas ideias preconcebidas acerca do tempo.
Ainda citando Einstein, por meio de mudanças de posição poderemos levar dois corpos ao contacto um do outro sendo assim introduzido o conceito de espaço. No entanto, ao levar um determinado corpo X até junto do outro corpo Y constitui-se uma espécie de prolongamento deste, podendo nós designar o conjunto de todos os prolongamentos de Y, por «espaço do corpo Y».
A minha ideia não é falar de teorias relativistas ou pré-relativistas, até porque jamais ousaria tocar em assuntos que de modo algum domino, é, muito simplesmente, falar de mim e do meu espaço, ou mais propriamente, no que constitui o meu espaço e o meu tempo.
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Nota: a propósito do tempo reabilitei este post do meu blog «O espaço e o tempo».

segunda-feira, março 26, 2007

o tempo

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O Papalagui adora muita coisa, mas acima de tudo gosta de uma coisa que não se pode agarrar e que no entanto existe: o tempo. Leva-o muito a sério e conta toda a espécie de tolices acerca dele.”

sábado, março 24, 2007

A caixa de Pandora

foto tirada da net
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e a caixa fechou-se...

quinta-feira, março 22, 2007

malmequer

foto tirada da net
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mal me quer... bem me quer...

quarta-feira, março 21, 2007

Metron Logos

foto tirada da net

Unidades de base do Sistema Internacional e respectivas grandezas:
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ampere (A) - intensidade de corrente eléctrica
kelvin (K) - temperatura termodinâmica
segundo (s) - tempo
metro (m) - comprimento
kilograma (kg) - massa
candela (cd) - intensidade luminosa
mole (mol) - quantidade de matéria

Definição de metro: o metro é o comprimento do trajecto percorrido pela luz no vazio, durante um intervalo de tempo de 1/299 792 458 do segundo.
A incerteza de realização é muito pequena (2 em 10 elevado a 8)

Nota: Isto é apenas um desabafo, já que tenho de estar a trabalhar até às 23 h, partilho o trabalho e o sorriso.

segunda-feira, março 19, 2007

Azul

"Oh inmenso azul! Yo adoro
tus celajes resuenos,
e esa niebla sutil de polvo de oro
donde van los perfumes y los suenos."

Ruben Dario in Azul

terça-feira, março 13, 2007

A culpa é do Arrhenius

foto tirada da net Afinal a culpa do aquecimento global não vai morrer solteira ...

domingo, março 11, 2007

Abraços e laços

foto tirada da net
Abraços são isso mesmo, laços que nos unem aos que gostamos, laços que nos permitem sair do outro lado do espelho e viver na plenitude a simplicidade da amizade na sua forma mais pura.
Não basta dizer é necessário fazer...
Sei que não lerás o que aqui escrevo, R, mas é para ti!

sábado, março 10, 2007

outras ondas

Marcas deixadas na areia ainda molhada pela ternura das ondas que impetuosamente espalharam a força do seu querer. Rasto de passos deixados ao acaso chamando a si o silêncio do entardecer esperando a bruma da manhã que inevitavelmente surgirá. Ondas prateadas pela luz de mais um dia que nasce.

sexta-feira, março 09, 2007

ondas

foto tirada da net
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Hoje passei o dia todo em "ondas polarográficas". Gosto de ondas, daquelas que docemente se espraiam sobre a areia, num abraço infinito, fecundando-a com todos os seus elementos naturais. Ondas sonoras, que me permitem sentir junto ao ouvido o carinho daqueles de quem gosto. Ondas electromagnéticas, que transmitem através o espaço. Enfim, ondas de diferente amplitude, mas quase todos de forma sinusoidal, como a dizer, hoje estou bem, ontem não estive, amanhã, quem sabe se estarei?.
Mas, afinal o que é isso de ondas polarográficas, pois... são umas ondas um pouco diferentes

quarta-feira, março 07, 2007

Folhas caídas...

«Antes que venha o Inverno e disperse ao vento essas folhas de poesia que por aí caíram, vamos escolher uma ou outra que valha a pena conservar, ainda que não seja senão para memória.» Almeida Garrett

domingo, março 04, 2007

âncoras

foto tirada da net
Quantas vezes prometi que embarcaria numa das naus nesse porto ancorada, um dia fá-lo-ei. Ficarei ao largo, vendo o porto com os olhos de quem parte, sentindo que o tempo que roubei ao tempo não chegou para que a âncora tocasse o fundo desse mar onde guardo segredos e sonhos que aos poucos vou perdendo diluídos na quietude das águas a cada momento renovadas. Hoje, ontem, amanhã, talvez...

O fascínio da Lua

foto tirada da net

Niels Armstrong pôs os pés na Lua
e a Humanidade inteira saudou nele
o Homem Novo.
No calendário da História sublinhou-se
com espesso traço o memorável feito.

Tudo nele era novo.
Vestia quinze fatos sobrepostos.
Primeiro, sobre a pele, cobrindo-o de alto a baixo,
um colante poroso de rede tricotada
para ventilação e temperatura próprias.
Logo após, outros fatos, e outros e mais outros,
catorze, no total,
de película de nylon
e borracha sintética.
Envolvendo o conjunto, do tronco até os pés,
na cabeça e nos braços,
confusíssima trama de canais
para circulação dos fluidos necessários,
da água e do oxigénio.
A cobrir tudo, enfim, como um balão de vento,
um envólucro soprado de tela de alumínio.
Capacete de rosca, de especial fibra de vidro,
auscultadores e microfones,
e, nas mãos penduradas, tentáculos programados,
luvas com luz nos dedos.

Numa cama de rede, pendurada
da parede do módulo,
na majestade augusta do silêncio,
dormia o Homem Novo a caminho da Lua.

Cá de longe, na Terra, num borborinho ansioso,
bocas de espanto e olhos de humidade,
todos se interpelavam e falavam
do Homem Novo,
do Homem Novo,
do Homem Novo.

Sobre a Lua, Armstrong pôs finalmente os pés.
Caminhava hesitante e cauteloso,
pé aqui,
pé ali,
as pernas afastadas,
os braços insuflados como balões pneumáticos,
o tronco debruçado sobre o solo.

Lá vai ele.
Lá vai o Homem Novo
medindo e calculando cada passo,
puxando pelo corpo como bloco emperrado.

Mais um passo.
Mais outro.
Num sobrehumano esforço
levanta a mão sapuda e qualquer coisa nela.
Com redobrado alento avança mais um passo,
e a Humanidade inteira,
com o coração pequeno e ressequido,
viu, com os olhos que a terra há-de comer,
o Homem Novo espetar, no chão poeirento da Lua, a bandeira da sua Pátria,
exactamente como faria o Homem Velho.

António Gedeão

sábado, março 03, 2007

nem o tempo vai chegar...

O espaço e o tempo é um binário que nos tolhe os movimentos enclausurando-nos num casulo espacial.
É uma espécie de dor...
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sexta-feira, março 02, 2007

Planeta Azul

foto tirada da net

O azul do mar... azul azul azul ...
A água é um bem escasso e essencial.